Desastres no Rio de Janeiro

Nos últimos dias, as manchetes de todos os jornais noticiaram inundações e desmoronamentos de terra causados pelas chuvas, no Rio de Janeiro. Causados pelas chuvas? Bem, vamos ser realistas. A chuva, sempre caiu. Os alagamentos são o resultado de desmatamentos, de construções irregulares, de terraplenagens equivocadas e da impermeabilização do solo nos centros urbanos.

Isto é verdadeiro e simples de verificar. Isto porque em áreas intocadas e agrestes, não vemos alagamentos, e se há uma quantidade excessiva de água retida em um vale ou em uma depressão de terreno, esta, é absorvida rapidamente pelo solo. Uma área arborizada absorve 95% da água das chuvas, em contrapartida, o solo limpo aproveita, no máximo, 60% e, se pavimentado, a absorvência é zero.

Todo o mundo sabe que as chuvas são medidas em milímetros, mas é importante explicar como isto funciona. Quando o serviço meteorológico informa que choveu 1 mm, está noticiando que caiu 1 litro de água em 1 m², essa é a altura que a lâmina de água atingiria sobre o solo, se ele fosse plano e não tivesse escoamento. Temporais fortes, por vezes, produzem 70 mm.

Mas voltemos falar de árvores, é incrível a capacidade de absorver água que algumas espécies possuem. Uma sibipiruna ou um alfeneiro adultos, em um dia de chuva, consomem mais de 100 litros. Entretanto, aquelas que crescem naturalmente em terrenos brejosos ou alagadiços, como é o caso da magnólia-do-brejo (Talauma ovata), chegam a reter mais de 500 litros de durante os torós de verão.

A Floresta da Tijuca, por exemplo, foi reflorestada por ordem de Dom Pedro II, para conter o desmatamento causado pelas plantações de café. Ao mando de Archer, um major da Polícia Militar, seis escravos plantaram 100 mil árvores, contando apenas com os limitados recursos técnicos da época. Um belo exemplo que deveria ser seguido pelas administrações atuais… Que ironia das soluções do Segundo Reinado!

Raul Canovas

Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.

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