Podocarpaceae
A classificação das podocarpáceas é motivo de controvérsia entre os especialistas, mas todos concordam de que se trata de coníferas.

Halocarpus biformis
Esta família, cujas espécies são nativas principalmente do hemisfério sul, é numerosa: 18/19 gêneros com mais de 180 espécies, entre árvores e arbustos (na opinião da maioria dos botânicos e biólogos).
É uma família com grandes diversidades morfológicas e ecológicas, com as maiores variações ocorrendo na chamada Australasia (Nova Caledônia, Tasmânia e Nova Zelândia) e, em menor número, na Malásia e na América do Sul, nos Andes. Alguns gêneros de podocarpáceas são encontrados ao norte do Equador, na Indochina, nas Filipinas, sul da China e Japão. Dois gêneros são nativos da África subsaariana.
O fato de alguns gêneros serem comuns à Nova Zelândia e à América do Sul confirma a opinião de que esse tipo de conífera era largamente distribuído há 150 milhões de anos, na parte meridional do supercontinente Gondwana.
Acmopyle |
Afrocarpus |
Dacrycarpus |
Dacrydium |
Falcatifolium |
Halocarpus |
Lagarostrobos |
Lepidothamnus |
Manoao |
Microcachrys |
Microstrobos |
Nageia |
Parasitaxus* |
Phyllocladus |
Podocarpus** |
Prumnopitys |
Retrophyllum |
Saxegothaea |
* A espécie Parasitaux ustus é uma curiosidade botânica, por se tratar da única conífera parasita! Ocorre somente nas densas florestas de montanha da Nova Caledônia. Não tem raízes próprias, mas é sempre encontrada hospedada nas raízes de uma outra espécie de podocarpácea, a Falcatifolium taxoides.
** O gênero Podocarpus é o mais numeroso: cerca de 100 espécies. Está divido em duas subespécies diferenciadas pela morfologia dos cones e das sementes:
- Podocarpus podocarpus é distribuído pelas florestas de clima temperado da Tasmânia, Nova Zelândia, Chile meridional e tem algumas espécies nas áreas de clima tropical de altitude da África e das Américas;
- Podocarpus Foliolatus é nativo das áreas tropical e subtropical do leste e sudeste da Ásia, Malásia, nordeste da Austrália e Nova Caledônia.
São Arbustos e árvores, cuja altura varia entre 1 e 25 m, mas existem espécies com exemplares de até 60 m. As folhas lanceoladas variam de 0,5 a 15 cm de comprimento, de acordo com a espécie. Os cones masculinos medem de 5 a 20 mm e apresentam-se em grupos. As sementes têm forma de carnosas bolinhas apreciadas por pássaros.
Varias espécies são usadas em paisagismo, solitárias ou posicionadas como sebes e espaldares, atraem pelo verde intenso de suas folhas e pelos frutos coloridos. As mais utilizadas são:
- P.macrophyllus ou Kumasaki ou Pinheiro budista ou Pinheiro japonês;
- P. salignus: nativo do Chile;
- P.nivalis: uma espécie arbustiva de frutos vermelhos bem atrativos.
Os frutos adocicados (de cor vermelha, púrpura ou azulada da maioria das espécies) são comestíveis e são consumidos in natura ou utilizados para a fabricação de geleias e recheio de tortas.
Dracrycarpus é um gênero de podocarpáceas, que inclui nove espécies de árvores e arbustos nativos da Austrália, sul da China e Mianmar, com maior incidência na Nova Guiné, onde existem cinco espécies. As espécies mais altas de podocarpáceas são deste gênero: o D.dacrydioides ou kahikatea é um exemplo, que atinge os 60 m de altura.

Podocarpus nivalis
O gênero Afrocarpus foi criado em 1989, quando várias espécies dos gêneros Podocarpus e Nigéia foram reclassificadas. Os cientistas reconhecem seis espécies neste gênero africano, distribuído nas áreas montanhosas da África Oriental e Meridional, com espécies também na área costeira da África do Sul e Madagascar, banhadas pelo Oceano Índico. São elas:
- Afrocarpus dawei: Quênia, Tanzânia, Uganda e Congo;
- Afrocarpus falcatus ou Outeniequa yellowwood: África do Sul e Moçambique;
- Afrocarpus gaussenii: Madagascar;
- Afrocarpus gracilior: Etiópia, Quênia, Tanzânia e Uganda;
- Afrocarpus mannii: Ilha de são Tomé (Golfo de of Guine);
- Afrocarpus usambarensis: Burundi, Ruanda, Congo, Leshoto e distritos Mbulu da Tanzânia.
O A.falcatux ex P. falcantus é uma árvore, cuja altura varia entre 10 e 40 m, dependendo do grau de umidade do solo onde cresce: quanto mais úmido, mais alta ficará esta podocarpácea. Vive nas florestas das montanhas da África do Sul e Moçambique.
Tem casca grossa, escamada e folhas em forma de foice (falcatas) de 5 cm de comprimento, aproximadamente.
Os cones masculinos apresentam-se em cachos. As pinhas femininas são cones modificados, que contêm uma só semente recoberta por uma capa carnosa. A semente madura é amarelada e é dispersa por pássaros e macacos que, ao comer sua camada externa, permitem a germinação posterior da semente, pois eliminam o inibidor de germinação ali existente.
A madeira desta espécie é muito valorizada, pois com ela se fabricam móveis especiais. Em tempos passados, foi utilizada na fabricação de mastros para velas e construção de navios. Esta conífera tem encantos também para os paisagistas locais, que frequentemente a colocam em seus projetos.
Pertencem ao gênero Prumnopitys, entre outras, duas espécies de grandes árvores:
- Prumnopitys andina ou Lleuque (exemplo: Podocarpus andinoa): nativo da região compreendida entre os 36 e 40 graus de latitude sul, no Chile e oeste da Argentina. É uma árvore que atinge os 30 m de altura e cujo tronco chega a ter 2 m de diâmetro. Tem preferência pelo solo moderadamente úmido das encostas andinas, de altitude entre 500 e 1.100 m. As sementes desta espécie são dispersas por pássaros, mas germinam com muita dificuldade. A madeira, amarelada e de boa qualidade, é utilizada na fabricação de móveis. Com os frutos, fazem-se geleias saborosas;
- Prumnopitys taxofolia, Matai ou Black pine (exemplo: Podocarpus spicatus): é endêmico da Nova Zelândia e chega a atingir 40 m de altura. O “sobrenome” taxofolia se refere ao fato de sua folhagem se parecer com as do teixo (uma conífera da família das Taxaceae). As sementes dessa espécie são dispersas por uma ave chamada Kererú.
Permanece em estado juvenil por mais tempo que qualquer outra podocarpácea: no início, é um arbusto de vários ramos finos, flexíveis e desordenados com algumas folhas amareladas.
Após alguns anos, um novo broto aparece no meio do emaranhado arbustivo e, aos poucos, cresce até formar a árvore. A madeira dessa espécie foi usada intensivamente durante todo o séc. XX para fabricar pisos.
O gênero Saxegothaea tem uma só espécie: a Saxegothaea conspícua ou Maniu hembra é endêmica da floresta temperada, conhecida como Valdiviana, situada no sul do Chile. Cresce entre 35 e 46 graus de latitude sul.
Na parte norte da área, é encontrada entre 800 e 1.000 m de altitude, e na parte mais austral, cresce somente à beira-mar. É uma árvore longeva, de crescimento lento, que chega a atingir 20 m de altura, com um tronco de 1 m de diâmetro. As folhas lanceoladas se apresentam em espiral irregular, são verdes escuras e possuem em espinho na ponta. Os cones sementeiros encerram uma única semente.
A madeira é de boa qualidade e é usada na fabricação de móveis e tonéis.
Escritora, poliglota, amante da leitura e apaixonada pelo mundo vegetal.