Adansonia digitata
baobá, múcua, embondeiro-africano, imbondeiro, árvore da vida
Visitando o Campo de Santana, no Rio de Janeiro, junto com Aurélio Rocha, gestor da revitalização desse espaço histórico, tive a oportunidade de contemplar dois grupos compostos por exemplares de nove baobás, alguns com mais de 25 metros de altura. O aspecto deles é singular e surpreende pelo enorme espaço aéreo que ocupam e pelas raízes que afloram alastrando-se por vários metros.
O gênero Adansonia – batizado em honor ao botânico francês Michel Adanson (1727-1806) – reúne oito espécies, sendo seis na ilha de Madagascar e outras duas no continente africano. Todas com um sistema radicular poderoso e engrossado. É visto em áreas da África do Sul, Botswana, Namíbia, Moçambique e outros países africanos, sempre nas florestas quentes e secas, em áreas livres de geadas que recebem pouca chuva, onde os solos são bem drenados. Sua curiosa silhueta, um tanto extravagante, é característica e mostra um tronco grosso e esponjoso com uma casca dura que guarda no seu interior milhares de litros de água. Para os povos da África simboliza a vitória da força e determinação. As flores malcheirosas se transformam em frutos que servem como alimento, tanto para os humanos como para os animais. A múcua, como é chamado o fruto, tem sabor adocicado com uma leve acidez e é consumida, especialmente na Angola, na forma de doces e sorvetes.
No Brasil há exemplares em Pernambuco, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás e Mato Grosso, além daqueles que mencionei, no Rio de Janeiro. Trazidos por religiosos africanos, foram plantadas em locais específicos para os cultos do candomblé.
Na África asseguram que, se cortar uma única flor da árvore, a pessoa será amaldiçoada e devorada pelos leões. Eu não fiquei tentado de fazer isto mesmo porque elas não estavam na época da florada.
Por falar em lendas, talvez a mais popular delas conta que em tempos muito antigos o baobá possuía uma copa frondosa com folhas da cor das esmeraldas e flores coloridas e perfumadas. Os deuses, encantados com todo esse esplendor, lhe concederam o dom da longevidade e a partir desse momento eles não pararam de crescer, ao ponto de encobrir o sol, deixando a floresta às escuras e todas as outras árvores com frio pela falta do calor que o astro-rei proporcionava. As mesmas divindades que lhes premiaram anteriormente, ficaram enfurecidos com tamanha arrogância e indignados com a prepotência dos baobás que os desafiavam dizendo que os alcançariam com suas ramagens. A resposta veio de imediato e os deuses os castigaram virando-os de ponta cabeça, ficando dessa maneira com as copas enterradas e as raízes apontando para o céu implorando o perdão. Isto explica, segundo a lenda, o aspecto surreal destas árvores que tanto inspiraram Saint-Exupéry no seu livro “O Pequeno Príncipe“.
- Sinônimos estrangeiros: baobab, dead-rat tree, monkey-bread tree, upside-down tree, cream of tartar tree, (em inglês); baobab, árbol botella, árbol farmacia, pan de mono, (em espanhol); Imbondeiro, (em Angola, Namíbia,Moçambique e Madagáscar); arbre de mille ans, calebassier du Sénégal, (em Francês); calabaceira, (em Guiné-Bissau); mbuyu, mkuu hapingwa, mkuu hafungwa, muuyu, (em suaíli); momret (na Etiopia); kuka (na língua Hausa, da África Ocidental); tabaldi, (no Sudão).
- Família: Bombacaceae.
- Características: árvore caducifólia.
- Porte: 30 metros com 12 metros de diâmetro.
- Fenologia: verão, atraindo morcegos por causa de seu odor de carniça.
- Cor da flor: branca, muito grande e pesada.
- Cor da folhagem: verdes, compostas por 5 folíolos.
- Origem: Savanas quentes e secas da África subsaariana.
- Clima: tropical/subtropical..
- Luminosidade: sol pleno.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.
Olá Raul!
Em 2012 tive a oportunidade de conhecer os 9 baobás do Parque de Santana, no Rio
de Janeiro… Um espetáculo o conjunto de 5 baobás em 100m²…
Olá Gilberto,
Também tive a oportunidade de ver esses baobás no Parque de Santana, eles são magníficos!!!
Abraços
Olá, Raul. Na UFRJ também tem baobás e eles ficam em frente o bloco B do Centro de Tecnologia. São bem bonitos. Fiz a foto abaixo há um ano
Olá Ricardo,
Obrigado pela foto e pelo comentário!
Abraços
Ola.me interesso por baobas moro no Rio qe os 9 baobas que estao no campo de santana estao florescendo ; me liguem tirei muits fotos
Olá Lucia,
Realmente os baobás do Campo de Santana são incríveis!
Abraços
Raul … Mestre … tenho admiração por estas plantas… ainda vou plantar um destes… abs!
Benites,
Realmente são singulares. A propósito e aqueles vídeos?
Abraços
È sempre bom ler os estudos reunidos por um pesquisador.
Não imaginava que tinha mau odor.
Obrigada
Sou eu quem agradece seu comentário, Maria do Carmo!
Abraços
Gostei muito de conhecer os babás. Obrigada!
É muito bom saber que gostou, Dalila!
Abraços