Inverno
Espero que não vejam estes meses como os representantes da infelicidade ou da desventura. Gostaria até que a moda fosse alegre e que as mulheres e os homens usassem cores vivas nos dias frios e chuvosos. Nunca entendi esse hábito de roupas escuras e guarda-chuvas pretos. Que lindo seria enfrentar os dias cinzentos armados com sobretudos, casacões e capas coloridos, respondendo ao tempo com a nossa alegria interna. Encher as ruas com vermelhos, com amarelos e com alaranjados esquentando a paisagem e imitando caléndulas, suinãs e mirindibas que desabrocham agora, como que enfrentando valentemente a frieza dos campos e cidades.
Não é momento de hibernar, e sim de compreender que em lugar de refugiar-nos em lugares fechados, devemos sentir na pele um sol frouxo, porém com um brilho mais intenso do que em outras épocas. Entender que a vida é feita de ciclos e que, para regozijar-nos com as mornas temperaturas, devemos aceitar os frios e, assim, saber a diferença entre uns e outros.
Parece difícil para você? Olha só, isto é praticado pelo mundo vegetal há tanto tempo! As plantas usam o frio para se desfazer de folhas velhas e inúteis, para livrarem-se de pragas oportunistas e em silêncio, desembaraçadas de cigarras barulhentas, poderem refletir sobre uma vida plena de nuanças e matizes.
Quem sabe, neste inverno, você possa fazer um boneco de neve, mesmo que seja em um sonho imaginário e que lhe traga a pura e inocente tranquilidade que precisa.
O importante é não sentir frio na alma…
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.
Amei tanto o texto acima, que postei um trecho em meu facebook, com as devidas citações. Caso não esteja de acordo,é só me avisar, ok?
Um abraço e mais uma vez, parabéns!!!
Que bom que gostou, Crystiane! Pode transcrever meus textos no face, sempre que quiser e dando o devido crédito.
Abraços