O bispo que plantava árvores
Ele mora na Tanzânia e é o bispo auxiliar da diocese da região norte, da Igreja Evangélica Luterana, desse país africano. Supervisiona 500.000 membros e 164 paróquias. E é lá que o Kilimanjaro, com seus 5.891 metros de altura, surge como o ponto mais alto do continente, no meio de uma floresta riquíssima, composta por acácias, oliveiras africanas, juníperos, palmeiras-ratan e os incríveis senecios e lobélias gigantes. Esse bioma foi declarado Parque Nacional em 1973, no entanto sofre encolhendo suas geleiras em 92% nos últimos cem anos.Se continuar nesse ritmo de perda de neve em 2020 não haverá água para a sobrevivência dessa mata nativa.
Preocupado com essa crise ambiental o Reverendo Dr. Frederick Shoo começou uma campanha visando reflorestar a região, especialmente depois ter visto as imagens da NASA mostrando a rápida diminuição das neves. O desmatamento se arrasta nos últimos trinta anos, segundo afirma o bispo e é considerado o principal responsável pelo aumento da temperatura e da umidade reduzida na montanha e estima que, pelo menos 1.680.000 árvores por ano precisariam ser plantadas para recompor o ecossistema.
A Diocese montou viveiros que atualmente possuem um estoque de mais de 1 milhão de mudas, sendo que milhares já foram plantadas. Ele convocou todas as paróquias a fazer disso uma prioridade, pedindo para que todos os alunos das escolas se comprometam a plantar dez mudas a cada ano. Mas o projeto precisa de verba para cumprir essa meta e o dinheiro é necessário para empregar às pessoas que trabalham na captação de sementes e no cultivo das mudinhas, criando desse modo também empregos para a comunidade.
A Diocese estima que cada US $ 1 pode financiar o cultivo de duas mudas, objetivando o fornecimento das mudas suficientes para que todos os alunos possam plantá-las. Isto resultaria em cerca de 160 mil árvores plantadas anualmente a partir dessa arrecadação.
Se eu tivesse vocação – e competência – calcularia o número de bispos necessários, como o Reverendo Shoo, para devolver ao planeta as árvores que derrubamos. Obviamente que não são apenas aqueles que possuem esses títulos religiosos, presentes em diversas igrejas cristãs, mas também você, eu e todos os que acreditamos em um mundo melhor, seguro e infindável que deveríamos nos engajar em campanhas como essa.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.