O Mistério das flores do Santo Sudário
O Santo Sudário é o lençol de linho que cobriu o corpo de Jesus Cristo depois de sua morte na cruz. Objeto de longas e intermináveis polêmicas, foi examinado em profundidade desde 1898, ano em que a imagem do negativo fotográfico foi vista por primeira vez, revelando uma nitidez muito maior que na cor normal.
Em 1996 o Dr. Avinoam Danin, Professor Emérito de Botânica do Departamento de Ecologia, Evolução e Comportamento da Universidade Hebraica de Jerusalém, publicou “Flora of the Shroud of Turin” (Flora do Sudário de Turim), livro que revela as flores usadas por José de Arimateia e Nicodemos quando cuidaram do corpo, envolvendo-o com essa mortalha. O evangelho de João (19:40): “Então, eles tiraram o corpo de Jesus e envolveram em panos de linho com as especiarias, como é o costume de sepultamento dos judeus.” Estas “especiarias” eram, segundo estudos do Dr. Danin, flores que cobriam o contorno do rosto e ao redor das partes inferiores dos braços e das mãos de Jesus.
A época de floração coincide com as espécies reveladas no Santo Sudário. Elas são a Anthemis bornmuelleri, uma margaridinha de pétalas brancas e centro amarelo; a Gundelia tournefortii ,uma planta espinhenta da mesma família que o girassol, cujo pólen foi encontrado em abundancia na mortalha, sugerindo que a coroa de espinhos que Jesus fora obrigado a usar era dessa planta “Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocou-a sobre a cabeça …” (João 19: 2) ou dos ramos da Ziziphus spina-christi, conhecida como espinho-de-cristo; a Anemone coronaria, anêmona ou “Calanit” em hebraico, eleita em 2013 flor nacional do Estado de Israel; a Capparis aegyptia, um arbusto de flores brancas chamado de alcaparra-do-egito; a Cistus creticus, pequena rosa-das-rochas; a Glebionis coronaria, crisântemo conhecido com “Chartzith” em hebraico e por último a Pistacia lentiscus, popularmente chamada de lentisco, responsável pelo aroma forte de resina que embalsamou o corpo do Messias cristão.
Todas são nativas na região das montanhas da Judéia, entre o Mar Mediterrâneo e o norte do Mar Morto, onde a cidade de Jerusalém está localizada e seus habitantes costumam dizer que abril é o “mês das flores”, porque os ventos secos do deserto derretem as últimas neves do inverno, possibilitando o surgimento delas. A folhagem verdejante e a florada da Páscoa, estimulam a reflexão durante o período da Quaresma, a partir das palmas do Domingo de Ramos até as pétalas do renascimento, passando pelos espinhos da coroa-de-cristo.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.
Muito oportuno e esclarecedor o artigo. Um olhar puro e sensível sobre esse momento que se eternizou através dos tempos nos corações e mentes dos cristãos. Feliz Páscoa !
Obrigado Regina!