Sobre o Blog e Contato

Paisagismo e Jardinagem

Um olá de Elena sem H

Ou Elena Soboleff, se preferirem as formalidades.

Já fiz de tudo um pouco, até que cansei de estar o dia inteiro enfiada num escritório e resolvi abraçar um sonho.

Hoje moro em Buenos Aires, onde nasci e morei até os cinco anos, antes de mudar para Sampa, cidade da garoa (aliás, onde ficou essa tal garoa?).

Há quase cinco voltei para terras ‘del tinto y del asado’. Voltei a estudar paisagismo para complementar o que estudei na EPP (Escola Paulista de Paisagismo), no Jardim Botânico de São Paulo, na Escola de Jardinagem Municipal que fica no Pq. Ibirapuera, no Sabor de Fazenda, nos cursos do Raul! Adorei aprender mais sobre esse tal de ‘diseño del paisaje’ ou simplesmente ‘paisajismo’.

Por aqui a carreira universitária existe na UBA – Universidad de Buenos Aires. Há outras. Diversas contam com certo reconhecimento oficial, apesar da carreira ainda não estar regulamentada.

As plantas disponíveis por aqui são outras, de clima temperado. Tudo o que é tropical é visto com muito carinho e usado em cantinhos protegidos do inverno ou em interiores, e as caducas representam uma parcela muito importante do que se planta. Dizem que é para ter sol no inverno, mas cá entre nós, acho que as tentadoras cores de outono são o que realmente nos cativa nelas.

Aliás, isso é algo que adoro dessa latitude: poder desfrutar das estações do ano. Em São Paulo as diferenças são tão sutis, o verde é sempre intenso. Além do mais, como sempre há alguma flor para alegrar o dia, se não fosse a queda na temperatura acabaríamos nos dando conta de que não é primavera por ter que podar muito menos, porém sempre estando rodeados de verde.

A primavera daqui é linda, com tanto verde novinho em seus mais variados tons e matizes. E as floradas são intensas e magníficas. Ou talvez pareçam ser assim depois de um inverno “pelado”. O céu se colore com um azul meio turquesa, contrastando com a beleza do Ipê rosa. Agora, novembro, os jacarandás presenteiam a cidade com tapetes lilases. Há uma foto aérea rodando a internet que mostra parte dessa beleza.

Logo vem o verão, tórrido, úmido, pesado, abafado, quente. E bem verde, já com bem menos flores. Uma pena que o rio esteja poluído e nadar nele não seja uma opção. Se enche de veleiros, pescadores, pranchas de kite surf. Uma paisagem muito interessante.

Mas o outono. Ah, o outono! Adoro o outono. Já não faz tanto calor e os dias ficam menos abafados, mais agradáveis. Fica mais fácil dormir. As cores das ruas mudam, adquirindo as mais variadas tonalidades de amarelos, laranjas e vermelhos intensos e também bordôs. E logo o que está em cima, está embaixo, proporcionando efeitos sonoros aos passos (e excelente material para a compostagem).

O inverno pode parecer cinza, cru, frio e desagradável, pelado. Mas eu prefiro ver ele cheio de belas ramagens escultóricas e troncos divinos contrastando com o céu azul e com o verde das plantas perenes. Em um belo dia de sol de inverno basta um bom casaco e um cachecol para que as paisagens às margens do Río de la Plata sejam um convite irresistível para tomar ‘unos mates’ ao ar livre com os amigos. Acho que as pessoas aqui são mais corajosas, elas saem para passear mesmo que faça frio e também nos dias menos tentadores.

Outra coisa maravilhosa de morar aqui é poder resolver as coisas a pé, de bicicleta ou usando o transporte público. E apenas quando realmente se justifica, o carro. De bicicleta tudo se vê diferente, sem o alucinante ritmo do carro. E assim é possível ver as árvores das calçadas, os pequenos jardins das casas, muitos balcões com vasos. Se pudéssemos com ela levantar voo veríamos poucos terraços aproveitados, um potencial inexplorado.

A OMS considera que a quantidade de verde por habitante de Buenos Aires é insuficiente. Provavelmente tenham razão. Mas gosto do que meus olhos, que ainda funcionam um pouco em modo turista, veem: praças, ruas arborizadas, casas com jardins. Mais praças, parques públicos (que lamentavelmente também conhecem as grades) de todos os tamanhos e formas. Há até um dedicado especialmente à flora nativa desta região.

Bom, teremos muito para conversar. Espero que gostem do bate-papo! Por enquanto, bom fim de semana e vejam a vida com olhos de turista!

Comente ou pergunte

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *