Um olhar de sensibilidade

A natureza cativa corações. O exercício para nos aproximarmos dela exige alegria e desprendimento. Ela nos traz a leveza do silêncio e mais clareza nos pensamentos. Com isto, conseguimos enxergar muito de nós mesmos e nossos talentos são fortificados.

Existem pessoas que conseguem interagir tão intensamente com ela, que contagiam o mundo com conhecimentos puros, alegria e bondade.

Já escrevemos, algumas vezes, sobre jardins botânicos, que diferem de parques comuns em diversos aspectos, pois, além de oferecerem lazer especializado, mantêm um acervo de plantas ordenadas e classificadas, devidamente registradas e documentadas. A interpretação das informações a respeito de cada vegetal pode atingir, até, formas lúdicas e passar pela análise de sua evolução e utilidades para o homem ou ressaltar sua importância para a vida sobre a Terra.

Sinto a necessidade de compartilhar sobre um jardim botânico especial, pois, além dos aspectos técnicos, ele nos traz a sensibilidade extrema daqueles que cultuam a simplicidade para viver. Trata-se do Jardim Den Paradera, que preserva ervas medicinais de índios nativos. O nome já indica como o visitante será recebido nesse local, que significa “lugar onde você se sente em casa”.

Um tour, guiado pela proprietária Dinah Veeris, é uma viagem pela cultura dos índios nativos da ilha de Curaçao. Além disso, muitos elementos lúdicos, criados com restos vegetais, decoram os caminhos de forma inusitada.

Conhecida em toda a ilha como curandeira, Dinah, que estudou na California School for Herbal Studies, em 1991, conta histórias durante o passeio pelo jardim com mais de 300 espécies de plantas, explica os efeitos medicinais delas, como elas eram usadas pelos índios e, depois, pelos negros.

Este Jardim Botânico histórico, cheio de ervas curativas agrupadas, teve início em 1981, quando Dinah começou a pesquisar plantas medicinais e a cultivá-las em seu espaço reservado, afim de tentar preservar os conhecimentos dos índios. Ela diz que o seu jardim oferece força viva vinda das plantas, criadas por Deus para nos curar.

Quer se acredite na filosofia de Dinah ou não, uma turnê pelos seus jardins premiados vale a pena, também, pela sua beleza e pela apreciação de mais uma história daqueles que passam pela vida e deixam heranças inestimáveis para as próximas gerações.

Nancy Thame

Formada em Engenharia agronômica, pela Escola de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ-USP e em Direito, pela Instituição Toledo de Ensino.
Tem pós graduação em Gestão Ambiental, pela ESALQ-USP e em Técnicas de Treinamento em Engenharia Agrícola, pela Sociedade Agrícola Alemã.
Desenvolve projetos de paisagismo, tendo experiência como proprietária da empresa Estado de Sítio Paisagismo, como professora universitária da disciplina e na direção de Horto Florestal , além de atividades de extensão na área ambiental e como colunista do tema.