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Feiras Livres em São Paulo: 100 Anos de História

Capa Livro 100 anos de feiras livres na cidade de São Paulo

Livro 100 Anos de Feiras Livres na Cidade de São Paulo

As feiras livres em São Paulo já são centenárias. Organizadas e disciplinadas por ato do prefeito Washington Luiz, em 1914, sobrevivem até os dias de hoje, apesar de todas as apressadas previsões que historicamente apontaram para o seu sempre iminente e completo desaparecimento das ruas paulistanas.

Esses equipamentos de comércio varejista de gêneros alimentícios integram e constituem cultural, social e economicamente toda a vida da cidade. Não se podem conceber nem o espaço, nem o imaginário urbano, sem os elementos materiais e simbólicos de sua existência. Estão no cotidiano e na memória de todos os cidadãos, ainda mesmo naqueles que não mais as frequentam, ou que, em realidade, nunca as frequentaram. Sua expressão concreta no dia a dia confere tanto benefícios, comodidades e afetos, quanto incômodos, desassossegos e prejuízos. Portanto, é verdadeiramente impossível ser indiferente a elas. Pode-se amá-las, ou odiá-las, mas nunca ignorá-las.

Muitos insistem no caráter obsoleto das feiras, apontando para seus desacertos em termos de sujeiras, atropelos ao trânsito, gritarias e descontextualização frente ao crescimento de equipamentos mais modernos e sofisticados, como os supermercados. Mas, prova mesma da inverdade dessa crença, é o fato de que elas continuam contemporâneas e presentes. Na cidade de São Paulo, ainda nos dias de hoje, são realizadas 871 feiras semanais, que agregam perto de 13 mil feirantes, ainda que com pequena variação numérica ao longo de muitas décadas.

Para celebrar esse feito e comemorar os 462 anos da capital paulista, os sócios proprietários e pesquisadores da Hórtica Consultoria e Inteligência de Mercado, engenheiro agrônomo Hélio Junqueira e a economista Marcia Peetz lançam, neste próximo dia 23 de janeiro, no Museu Afro Brasil, o livro “100 anos de feiras livres na cidade de São Paulo”. Trata-se de um projeto de larga envergadura, que envolveu muitos meses de pesquisas em fontes orais e jornais impressos de várias décadas, além de uma investigação iconográfica detalhada do tema nos principais museus, acervos e arquivos históricos da cidade, bem como em arquivos pessoais de feirantes e de seus familiares.

O livro teve projeto e produção editorial da Via Impressa Edições de Arte, especializada no segmento cultural, e só tornou-se viável a partir do financiamento pela Lei Rouanet, prontamente aprovado e acatado pela Inova Gestão de Serviços Urbanos S/A., empresa concessionária responsável pela prestação de serviços de limpeza urbana à Prefeitura Municipal de São Paulo, no chamado agrupamento Noroeste da cidade.

A edição contempla a evolução histórica das feiras livres e finaliza com uma mirada para o futuro desses equipamentos paulistanos de abastecimento. Neste percurso, os autores mergulharam nas origens medievais dos mercados e das feiras populares europeias e, a partir daí, seguem traçando sua evolução e desdobramentos socioeconômicos e culturais desde que chegaram ao Brasil, trazidas pelos portugueses colonizadores. Dos mascates e quitandeiras, até os dias atuais, os comerciantes varejistas ambulantes são mostrados em toda a riqueza de sua inserção urbana, quase sempre conflituosa e sujeita a perseguições e interdições públicas e de enfrentamentos policiais e políticos.

Parte importante da memória das feiras livres é resgatada nas multifacetadas tentativas de domesticá-las ou anulá-las, posto que consideradas, por excelência, como espaços de subversão do cotidiano e de instauração da festa em pleno espaço público.

São rememoradas passagens históricas relevantes sobre os principais mercados de abastecimento alimentar da cidade, sobre as contribuições étnicas de diferentes grupos de imigrantes, bem como sobre as artes, saberes e fazeres que se foram aderindo ao modo de ser e às possibilidades do existir urbano dos feirantes em São Paulo.

Capítulo especial é dedicado à cultura material e simbólica associada às feiras livres, ressaltando as formas e as principais obras da literatura, da pintura, da música, da telenovela e das expressões populares – como o Carnaval – nas quais esses agentes comerciantes varejistas foram retratados.

Em edição de luxo, bilíngue (português e inglês), fartamente ilustrada com pinturas histórias e fotos de época e atuais, o livro, em suas mais de três centenas de páginas, representa uma justa, sensível e honrosa homenagem às feiras livres e aos feirantes paulistanos, que constituem nossa memória coletiva e fazem parte das lembranças afetivas de todos que por elas inescapavelmente passaram em algum momento de suas vidas.

Com elevado rigor histórico e documental, o livro não deixa, contudo, de ser divertido, irreverente, descontraído, alegre e afetuoso, como o próprio feirante que retrata e homenageia.

SERVIÇO:

JUNQUEIRA, Antonio Hélio; PEETZ, Marcia da Silva. 100 anos de feiras livres na cidade de São Paulo; tradução Traduzca.com; fotografias Maycon Lima; Jailton Leal. São Paulo: Via Impressa Edições de Arte, 2015. 312 p.
ISBN: 978-85-61001-17-9.

Evento de lançamento do livro: 23/01/2016 (sábado). Museu Afro Brasil, Salão de Recepção. Parque Ibirapuera, Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10, São Paulo. Fone: 11 33208900.
A partir das 13 horas, com a presença dos autores para sessão de autógrafos. Aberto ao público, com entrada franca.

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