Corujas
Não entendo o porquê de vê-la como um pássaro esquisito.
Talvez seja por causa da fábula de La Fontaine “A Coruja e a Águia”. Nela uma coruja dá de frente com uma águia e lhe diz: Se encontrar, em um ninho, uns passarinhos muito engraçadinhos e lindos, por favor não os coma, pois são meus filhos! Tá bom, respondeu a águia, não os comerei e saiu voando por ai até achar um esconderijo no tronco de uma árvore com um montão de filhotes de passarinhos muito apetitosos.
Quando a coruja se deparou com a cena, vendo que a águia tinha faltado à palavra, lhe disse amargurada – Você foi hipócrita e enganadora devorando meus filhotes!
Séria a águia respondeu: – encontrei uma cria sem penas nem bico e de olhos fechados e os comi para matar minha fome. Você contou que seus rebentinhos eram bonitinhos, com biquinhos lindos, por isso tive a impressão de que não eram seus.
– Não eh! – disse a mãe coruja – eram eles meus filhotes!
– Eu não faltei com a promessa, mas foi você que, por causa da falta de discernimento, se enganou.
Esta história ensina o valor que os filhos tem aos olhos da mãe que, com seu amor infinito, os vê sempre lindos e perfeitos. De aí ficou o termo “amor de mãe”, que aponta a mãe zelosa, preocupada com sua prole, protegendo-os sempre.
Mas porque estou falando de corujas? O que elas tem à ver com o jardim? Simples, elas são vantajosas mantendo o jardim livres de roedores, cigarrinhas, mariposas, piolhos-de-cobra, gafanhotos, aranhas, cupins, pequenos repteis e escorpiões, consumido também frutas e ajudando a dispersão das sementes e a germinação de novas plantas. É bastante comum facilitar os ninhos nas torres das igrejas, celeiros e sótãos, para controlar a população de ratos. Indo um pouco mais além, os olhos fixos são compensados pelo giro da cabeça e o pescoço em até 270º em qualquer direção possuindo assim excelente visão, acompanhada de ouvidos afinados que as tornam notáveis caçadoras.
Esta ave, tão diferente de outras, não só pelo aspecto, mas fundamentalmente pelos hábitos noturnos, a exceção da caburé e da buraqueira que agem de dia, a converte na rainha da noite, tendo a capacidade de enxergar através da escuridão, conseguindo ver o que as outras aves não veem. É a imagem da filosofia, do mistério e do conhecimento, sendo ligada à deusa grega da sabedoria, Palas Atena. Há no mundo mais de 200 espécies e umas duas dúzias no Brasil; desde pequenas, como o mencionado caburé que pesa apenas 60 gramas, até os jurutus com um quilo de peso. Habitam todos os biomas brasileiros, entretanto cada espécie tem sua preferência, como o mocho orelhudo que vive na mata atlântica da região Sudeste, a amazônica no Norte, a buraqueira no Nordeste e a corujinha-sapo nos campos do Sul.
Por tudo isso, se ouvir o canto delicado da coruja numa noite qualquer, não se assuste, não é mau agouro é um modo natural de sustentabilidade.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.
Boa tarde Professor, amo tudo sobre paisagismo e Jardinagem. Aqui onde moro Vitória-ES não tem cursos de paisagismo. Estou procurando a anos mas não encontro. Gostaria de fazer um curso completo. Como faço?? Por favor me dê algumas orientações se for possível.
Atenciosamente,
Rosana Paula Engelhardt.
Olá Rosana,
O IBRAP cursodepaisagismo.com.br/ oferece cursos completos em São Paulo.
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Talvez ainda este ano faça um Curso em Imersão em Vitória, como tenho feito em outras capitais. Aguarde!
Abraços