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Paisagismo e Jardinagem

Paisagismo para um mundo melhor

Qual é a missão do paisagista?

Acros building em Fukuoka Japao

Acros building em Fukuoka, Japao

Sei que parece uma pergunta obvia e que a resposta poderia ser: projetar espaços externos, plantar árvores com técnica e bom gosto ou, simplesmente, fazer jardins. Mas será que é tão simples assim? Deveríamos concluir que a nossa incumbência se resume apenas a isto?

Certamente nossa função não é tão elementar e primária como parece quando folhamos revistas e nos deleitamos com as postagens do Facebook e do Instagram. Somos responsáveis por devolver a paisagem perdida para as edificações que se apossaram dos lugares bucólicos, transformando-os em cidades. Uma tarefa desmesurada para aqueles que, armados de ideias e enxadas, tentam pintar com verdes as pálidas e cinzentas metrópoles. Não, não pense que sou contra a vida citadina, plena de possibilidades e benesses. Até que desfruto desta São Paulo que nos regala um punhado enorme de coisas, mas coisas embaladas, assépticas e civilizadamente cultas que nos distanciam do genuíno viver onde a brisa soberana supera o melhor ar-condicionado e nos impede de ouvir o gorjeio do sabiá-laranjeira, ofuscado pelo barulho de músicas funk em volume máximo.

Bosco verticale Stefano, Boeri, Milão

Bosco verticale Stefano, Boeri, Milão

Sonho com centros urbanos mais silenciosos e menos poluídos visualmente, onde possamos andar – a pé ou em veículos coletivos – rodeados de edificações mais humanas, talvez menos escultóricas e sintonizadas melhor com o conforto necessário que o tenso cotidiano exige da gente. Prédios com muito verde como os projetados por Stefano Boeri, em Milão; por Emilio Ambasz no seu Acros building, em Fukuoka – Japão ou o hotel Park Royal em Cingapura, este último pleno de jardins com projeto do escritório Woha, localizado na mesma cidade-estado.

Hotel Park Royal, Singapura

Hotel Park Royal, Singapura

Imagino como seria prazeroso observar desde a janelinha do avião, logo depois da decolagem ou minutos antes do pouso, uma cidade onde os prédios exibissem telhados verdes e jardins de cobertura e como o clima real e o clima emocional poderia ser amenizado se as empenas cegas fossem revestidas com plantas.

Acho que não devemos focar nosso trabalho, apenas, nos aspectos estéticos e sim concentrar o ponto central em uma empreitada envolvendo nossos sentimentos mais íntimos, que não se resumem somente ao olhar, precisando alimentar o conjunto de capacidades psico-psíquicas de quem mora em uma cidade. Insisto em dizer que ele e ela – os habitantes da cidade – não são meros espectadores que contemplam um cenário desde uma platéia imaginária. São os atores verdadeiros que se movimentam em um espaço que, longe de ser um palco, é uma dimensão ambiental real e tangível onde desempenham o papel verídico de existir.

É por isto que o paisagista do século XXI não deve se omitir de sua verdadeira missão, que é a de tornar a vida das pessoas em algo menos estressante.

Responder Maria Lopes Cancelar resposta

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6 Comments

  1. Pergunto se não poderia fazer isso em meu prédio, verde, muito verde, adoro essas casas e essas plantas

    • Maria,

      Acho que isto é perfeitamente possível, fazendo os devidos ajustes.

      Abraços

  2. Maravilha de texto, Raul. De fato, esse é o nosso papel: restaurarmos a magia do verde em nossa vida nesse Planeta já tão esgotado de nossas intervenções sem cuidados.
    Abraços.

    • Fico feliz sabendo que gostou da matéria, Eduardo!
      Vamos desempenhar nosso papel de cuidadores da flora!

      Abraços

  3. Já liguei duas vezes e ninguém atende. Queria fazer o curso. Podem me dar os números novamente?

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