Tianjin Qiaoyian Wetland Park

O escritório de paisagismo Turenscape, de Pequim, comandado pelo arquiteto Kongjian Yu, projetou este parque na cidade de Tianjin, localizada no nordeste do país e banhada pelo Oceano Pacífico.

Através de um projeto regenerativo, este antigo campo de tiro abandonado usado como depósito de lixo, foi transformado em um parque urbano de baixa manutenção. Ele atua ambientalmente purificando as águas pluviais, equilibrando o pH do solo, regenerando a flora autóctone e possibilitando a educação ecológica no meio a uma estética delicada. Com uma extensão de vinte e dois hectares, o local era pesadamente poluído e cercado por favelas com estruturas frágeis e temporárias, derrubadas antes do projeto ser encomendado. O espaço é delimitado a oeste e norte por uma rodovia e um viaduto. No início de 2006, em resposta ao apelo dos moradores para a melhoria ambiental do local, o governo municipal de Tianjin contratou o arquiteto paisagista Kongjian Yu para a difícil tarefa de uma transformação imediata desta área degradada.

A paisagem úmida com pântanos de água salgada, tinha sido em grande parte degradada por décadas de um desenvolvimento urbano desordenado. Embora seja difícil plantar árvores nos solos salino-alcalinos, o planejamento da vegetação obedeceu as mudanças sutis nos valores da tabela de água e pH, inspirado-se na vegetação que pontilhava a paisagem nesta região e baseando se na estratégia simples de jardins regenerativos, que incluiu as escavações de vinte e uma lagoas, variando de dez a quarenta metros de diâmetro e de um a cinco metros de profundidade. Algumas cavidades estão abaixo do nível do solo e outras acima das elevações do terreno. Na temporada de chuvas, e devido à água subterrânea superficial, algumas depressões se transformam em lagoas, enquanto outras em zonas úmidas. Graças a ação das chuvas, o solo salino e alcalino melhorou, depositando nutrientes nas lagoas mais profundas que ajudam o escoamento das águas pluviais. Habitats diferentes foram criados e o processo natural de adaptação das plantas foi iniciado com a ajuda de sementes nativas com a vegetação que surgia espontaneamente.

Foram criados decks de madeira permitindo aos visitantes sentar-se no meio da vegetação e de sinuosas passagens vermelhas exercendo o papel ora como trilhas, ora com longos bancos, ora como muretas de contenção. O parque alcançou seus objetivos em apenas dois anos, atraindo milhares de visitantes todos os dias. Nos dois primeiros meses de sua abertura, entre outubro e novembro de 2008, cerca de 200.000 pessoas visitaram o lougradoro, de baixíssima manutenção. Este projeto ajuda a definir a nova estética da paisagem do século XXI, definida por um processo de evolução contínua, com formas orgânicas e uma biodiversidade não planejada onde a natureza “confusa” mantêm seu curso, deixando viver as plantas de modo espontâneo, expondo sua beleza genuína para enriquecer a paisagem.

Raul Canovas

Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.

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