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Paisagismo e Jardinagem

A deficiente arborização urbana em São Paulo

Padrão DEPAVE com 5 centímetros de DAP

O Departamento de Parques e Áreas Verdes (DEPAVE), entre as várias exigências para projetos de Compensação Ambiental – PCA, determina que as mudas a serem plantadas deverão ter um DAP (diâmetro do tronco na altura do peito) de 5 cm, entre vários outros requisitos.

Pelo menos 800 árvores morreram nas marginais

Ora, considerando que esse departamento, subordinado à Secretaria do Meio Ambiente, tem o dever de estimular o reflorestamento, a arborização e o ajardinamento, com fins ecológicos e paisagísticos, no âmbito do Município de São Paulo, como é que obriga a optar por mudas com esse estágio de desenvolvimento, sabendo – e acredito que eles saibam – que o transplante do viveiro produtor até o local definitivo, onde a muda será plantada, ocasionará elevado risco de estresse e até morte da árvore?

Árvores morrem no Parque do Povo

No II Seminário sobre Arborização Urbana no Município de São. Paulo, realizado em setembro de 2001, foi determinado que as mudas a serem plantadas em vias públicas deverão obedecer às seguintes características:

  • altura: 2,5m;
  • DAP ( diâmetro a altura do peito ): 0,03 m;
  • altura da primeira bifurcação: 1,8 m;
  • ter boa formação;
  • ser isenta de pragas e doenças.

Mudas são perdidas por falta de regas

Pode parecer irrelevante uma diferença de 0,03 para 0,05 m, entretanto esses centímetros denunciam duas fases diferentes. No primeiro caso temos uma muda jovem, com raízes curtas, cujo manejo é insignificante em termos de risco. Já com um DAP de 0,05 m o transplante, com torrão de terra, se torna inseguro por ter um raizame muito desenvolvido que sofre cortes enormes e desmedidos. Se a muda com este DAP for fornecida em vasos ou potes, estará seguramente com suas raízes enoveladas, isto é, emaranhadas por falta de espaço dentro do vasilhame e, por conseguinte, sem a capacidade de vencer esse atrofiamento, condenando a muda ao raquitismo e a dependência de regas maiores e com maior frequência, dado que estas raízes não tem capacidades de procurar água e nutrientes a distância.

Tenho visto pilhas de mudas de árvores amontoadas no viveiro Manequinho Lopes, localizado junto ao Parque Ibirapuera e de responsabilidade do DEPAVE. Submetidas a sol, ao vento e à desidratação, esperam semanas, até serem plantadas em buracos exprimidos, sem qualquer adubação, por pessoal displicente, que realiza o serviço sem os cuidados necessários. Estas mudas, depois de plantadas (mal) não recebem qualquer assistência nos meses seguintes. Não são regadas, nem adubadas, doenças ou pragas não são combatidas e os brotos-ladrões não são retirados.

Proponho que as autoridades municipais conversem com os produtores de árvores e as empresas de paisagismo, assim como com a ANP – Associação Nacional de Paisagismo, para utilizar melhor a pouca verba destinada à arborização de nossos passeios e calçadas.

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2 Comments

  1. Prezado Raul,realmente os procedimentos para o plantio de mudas pelas empresas contratadas pela Prefeitura de São Paulo,efetivamente é uma perda de recursos em 95% dos plantios.Afirmo isso com plena convicção e baseado em fatos e dados por mim colhidos mediante observação direta quando da implantação da cobertura vegetal nas marginais.Acompanhei a fase de implantação do plantio,a fase de manutenção,que deveria ter ocorrido mas não ocorreu,e a fase pós plantio,ou melhor a “Fase dos Deus dará”.Do início ao final,uma total perda de recursos do contribuinte.É inenarrável o despreparo,o desmazelo com que as empreiteiras realizaram os serviços.Contava a cada período de constatação a perda das mudas.Uma que sobreviveu para cada 30 que morreu,pelos motivos expostos no artigo.A Prefeitura não está nem aí para um verdadeiro desperdício de recursos e com o faturamento descarado de pessoas que tiveram a coragem de realizar esses serviços.A Prefeitura deveria ser responsabilizada pela falta de acompanhamento e fiscalização.A cidade foi totalmente enganada e o resultado está nas ruas.Uma secura de dar medo.São Paulo como outras cidades,e aqui em Mogi Mirim sofrem dos mesmos males:falta de caráter dos homens que são integrantes dos poderes públicos e da omissão da população.Uns a merecer os outros.É uma vergonha.

    • Sua mensagem, Aloísio, confirma o colocado no texto.
      Fico muito grato com seu retorno e também esperançoso, imaginado que os cidadãos devemos cobrar uma atitude do poder público.
      Abraços