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Paisagismo e Jardinagem

A vendedora de flores

Se chamava Maria. Nascida em um vilarejo parecido com todos os vilarejos poeirentos e desprovido de qualquer coisa que pudesse fazê-la sorrir, juntou as tralhas, vestiu suas crianças e partiu.

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Tinha ouvido falar da cidade grande, um lugar onde não faltava comida nem trabalho. Para lá foi com seus quatro filhos – três meninos e a  maiorzinha com oito anos – enfrentando peripécias recheadas de noites mal dormidas com pão, bananas e rapadura. Foram dias de viagem, pegando caronas com o olhar fixado no horizonte cheio de promessas. Por fim, numa madrugada, chegaram ao destino. Destino é uma palavra tão estranha, tão carregada de mistérios e incertezas, mas, como a frase célebre pronunciada pelo imperador Júlio César; “Alea jacta est” (A sorte está lançada) quando passou o Rio Rubicão com seus soldados,contrariando as ordens do Senado Romano, Maria tinha decidido o caminho que a deveria levar em direção de uma ilusão prometendo algo que nem ela sabia definir, mas que interiormente intuía ser melhor do que a situação penosa que vivera.

A casualidade – esta aí outra palavra paradoxal – fez com que conhece-se um homem que cultivava flores de corte. Com a ajuda dele, pegava um monte de maços de rosas e, depois de salvar um longo trajeto entre essa roça e a cidade, ficava em uma esquina movimentada, vendendo os buquês. Rosinha (esse era o nome da filha) ficava em casa cuidando dos irmãozinhos, enquanto a mãe trabalhava.

Esta é uma história como muitas e diferente porque – como as outras – tem sua própria emoção.

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Maria foi encolhendo sua silueta, naquela mesma esquina, durante mais de dez anos. Sua figura minguada foi afrouxando até que um dia não fez mais parte desse quadro cotidiano. Maria partira com suas rosas para algum lugar misterioso, sozinha e com suas próprias asas.

Rosinha, sua filha, deu conta do recado, cuidou dos irmãos, estudou e fez com que eles também aprendessem as coisas da vida.

Neste domingo eles levaram rosas para Maria. Por fim, lá, nesse ponto celeste, Maria sorriu.

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2 Comments

  1. Esta no corpo da Fotografia

    • Oi Augusto,

      Não entendi seu comentário. O que quis dizer?