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Paisagismo e Jardinagem

Já não se fazem Franks como antigamente

O cineasta Frank Capra, o notável Frank Sinatra, o roqueiro Frank Zappa e os arquitetos Frank Gehry e Frank Lloyd Wright, não nos dão mais o prazer de seus talentos.

Frank Lloyd Wright

O primeiro ganhou seis Oscars da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, da qual também foi presidente. O segundo, bem o segundo nem precisaria da minha apresentação, além dos mais de sessenta filmes, como ator, é considerado insuperável entre todos os vocalistas de jazz. Zappa foi um guitarrista, original e de produção fecunda na história do rock e do jazz. E o canadense Frank Gehry Ganhou o Pritzker Prize, que é tido como o Nobel da arquitetura, em 1989, tornando-se conhecido pelo grande público com o projeto do Museu Guggenheim em Bilbao.

Fallingwater, casa construída entre 1936 e 1939

Mas agora quero falar do que citei por último. O arquiteto Frank Lloyd Wright (1867 – 1959) que, seja dito de passagem, não frequentou nenhuma faculdade de arquitetura – pelo menos como aluno – mas cursou engenharia sem se diplomar. Com quinhentos projetos executados influenciou os rumos da arquitetura, atuando desde a última década do século XIX até a metade do século passado. Contemplando as residências que ele desenhou percebe-se que elas estão perfeitamente harmonizadas com a paisagem que as circundam. É mais: elas foram imaginadas a partir dessas paisagens que, de tão influentes, convertem Wright em um notável designer da paisagem, inspirando seu próprio filho – Lloyd Wright Jr (1890 – 1978) – a seguir a carreira de paisagista. As janelas amplas são sua marca registrada, permitindo que as vistas agradáveis penetrem nas casas formando peças únicas, fusionando o verde com o concreto. Ele afirmava que: ” A paisagem vista através das aberturas da edificação, pensadas de modo harmônico, tem um charme maior do que aquela observada independente da arquitetura.”

Massaro House, sobre o Lago Mahopac. Proprietários Angelina Jolie e Brad Pitt

A natureza é vital na sua obra e sabendo disto, Wright se aconselhou com Jens Jensen (1860 -1951) um paisagista dinamarquês-americano com o qual discutia a relação histórica entre a arquitetura e o paisagismo. Trabalharam juntos na Casa Coonley, um marco histórico na arquitetura, construída entre 1908 e 1912, nas margens do rio Des Plaines em Riverside, Illinois, um subúrbio de Chicago e em umas outras poucas residências, entretanto discutiam frequentemente sobre experiências adquiridas fora do ambiente acadêmico, já que Jensen nunca tinha cursado uma faculdade, entendendo que melhor do que palestras e livros era interagir com os aspetos essenciais da natureza e, como citei acima, tampouco Wright tinha um título conferido por uma instituição de ensino superior.

Coonley House

Outro colaborador foi Walter Burley Griffin (1876 – 1937), arquiteto e paisagista estadunidense, que trabalhou no famoso estúdio de Oak Park, que Frank Lloyd Wright tinha em Illinois. Griffin cuidou da construção de muitas casas de Wright, incluindo a Willits House em 1902 e o Larkin Administration Building, de 1904. A partir de 1905 encarregou-se dos projetos de paisagismo para os trabalhos de Wright. Griffin em entrevista ao jornal The New York Times, no dia 2 de junho de 1912, diz: “Sou o que se pode chamar naturalista em arquitetura. Não acredito em qualquer escola de arquitetura. Acredito em arquitetura como consequência lógica do ambiente no qual o prédio em mente deve situar-se. “

Taliesin West

Frank Lloyd Wright foi – como ele mesmo falava – de uma arrogância honrada, afirmando sua pretensão de ser o maior arquiteto que jamais existiu. Seus admiradores estavam certos da honradez dessa arrogância e muitos de seus críticos mostravam-se dispostos a confessar que não era de todo injustificada essa afirmação. Já octogenário, falando com um grupo de estudantes, diz: “Carecemos de cultura, só temos uma civilização. Temos poder, que é consequência do excesso. Mas o excesso é artificial e não deve ser confundido com a exuberância. A exuberância é a beleza”.

Espero, na minha visão de paisagista, que a arquitetura deste século volte seus olhos para este mestre, abandonando os abusos insustentáveis e as monumentais construções que não consideram a necessidade primordial do ser humano: viver naturalmente em sintonia com a paisagem que herdamos dos deuses.

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