O Florido Vale da Morte
Eu sei, o nome Vale da Morte ou Death Valley, como os americanos o chamam, pode sugerir cemitério ou até filme de terror, mas não é nada disso. O nome da região surgiu nos tempos da Grande Corrida do Ouro, em 1849, quando os garimpeiros tiveram que atravessar esse lugar a 86 metros abaixo do nível do mar, enfrentando temperaturas que podem alcançar mais de 50°C. Um deles não suportou a travessia, devido ao calor e a aridez do local, morrendo e marcando para sempre o local com esse apodo.
Localizado ao norte do Deserto do Mojave, na Califórnia, é o ponto mais baixo dos Estados Unidos. Entretanto, apesar do clima desértico e graças às chuvas de março, a florada explodiu nas últimas semanas, fato que não acontecia há onze anos. Algo parecido ocorre na nossa Caatinga quando a estiagem é interrompida. Imagino como, nesse tempo todo, as sementes dessas Encelias farinosas e das Phacelias crenulatas dormiam como verdadeiras “Belas Adormecidas”, esperando o momento propício em que o príncipe lhes desse o beijo que as despertaria da longa letargia. Um beijo molhado pela chuva que nem os Irmãos Grimm – autores desse famoso conto – sonharam.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.