Paisagismo, uma arte aplicada
Pintores, escultores, poetas, músicos e artesãos, como o saudoso Mestre Vitalino, se manifestam por intermédio da arte. Derramam emoções de modo pessoal, com a única intenção de desafogar e aliviar seus sentimentos. Fotógrafos, grafiteiros e dançarinos também expressam suas realidades interiores criando, muitas vezes intuitivamente, mecanismos de emoção.
Arte é, por definição, uma forma de sair do hermetismo das fantasias e concretizar algo singularmente imaginado.

Central Park, projeto de Frederick Law Olmsted
Entretanto, a arte aplicada tem como objetivo fundamental sua utilização nas nossas atividades cotidianas. Portanto, sua autonomia é restrita e suas funções vão além da estética. Não é arte pela arte e sim a materialização de alguma coisa que propicie conforto, aconchego e bem-estar. Nas últimas décadas, a divisão entre artistas e designers tem dado um sentido contemporâneo a esta polêmica.

Projeto de Thomas Church
O paisagismo foi, até a década de 1930, “arte pela arte”. Nos séculos 18 e 19, Willian Kent (1685 – 1748), Capability Brown (1716 – 1783 e Humphry Repton (1752 – 1818), pintavam paisagens, na Inglaterra, antes de implantá-las. Os jardins eram feitos para mera contemplação e este costume se estendeu mais tarde na França com Jean-Claude Forestier (1861 – 1930), Joachim Carvallo (1869-1936) e Achille Duchêne (1866-1947); eles, da mesma maneira que os ingleses, desenhavam verdadeiros cartões postais onde a figura humana não era bem-vinda, podendo esta, intrometer-se no jardim e estragar a paisagem sempre muito bem equilibrada.

Projeto de Garrett Eckbo
O século 20 é marcado por um paisagismo sociabilizado, estimulando o ser humano a ser parte ativa no jardim. Frederick Law Olmsted (1822 – 1903) desenha o Central Park na segunda metade do século passado; este oásis dentro de Manhattan permite que o nova-iorquino ande no meio dessa floresta a pé, a cavalo, de bicicleta ou em cima de patins, em uma pista, no gelo no inverno. Depois Thomas Church (1902 – 1978) e Garrett Eckbo (1910 – 2000) propõem espaços externos que convidam cada vez mais ao convívio. Projetam piscinas, solários, churrasqueiras e mobiliários, no meio de jardins.
Nós, paisagistas, temos a necessidade de criar, porém temos também o dever de oferecer espaços para serem utilizados na interação das pessoas e é isto que torna o paisagismo uma arte aplicada. Uma arte feita para sociabilizar mulheres e homens.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.
Interessante como o paisagismo adaptou-se as diferentes necessidades de cada época. Visionários de cem anos atrás previram que o paisagismo têm por função, primordial, oxigenar uma cidade. Trazer o reencontro do homem com a Natureza, torna os paisagistas verdadeiros salvadores de nosso planeta, tão desgastado pelo próprio homem.
Viva!!! Temos uma profissão belíssima.
É verdade, Georgia.
Obrigado pela participação.
Abraços