Tetos verdes
A contaminação pelos poluentes, produzidos pela indústria e o transporte, nas grandes cidades é preocupante. As emissões de CO2 ultrapassam, em muito, os níveis máximos estabelecidos. Por este motivo, dirigentes de vários países começaram a debater soluções para impedir a deterioração do meio ambiente urbano.
No continente europeu, os países procuram alternativas para minimizar este problema e parte da solução está em fomentar espaços verdes no topo dos edifícios.
Na França, por exemplo, decidiram exigir, por lei, a incorporação de jardins nos telhados de edifícios recém construídos. Segundo peritos franceses, a vegetação nos terraços auxilia na redução das emissões de dióxido de carbono, estas emissões na França são quatro vezes maiores que os níveis máximos estabelecidos, por este motivo mais de vinte mil pessoas morrem atualmente no país.
Em Copenhague, capital da Dinamarca, nomeada Capital Verde da Europa 2014, há algumas iniciativas sendo tomadas para melhorar a qualidade do ar e os telhados verdes é uma delas. Lá decidiram de torná-los obrigatórios com o propósito de alcançar zero de emissões de CO2 até 2025.
Em Toronto, primeira cidade da América a concretizar uma lei parecida, possibilitou a elaboração de 1,2 milhão de metros quadrados de telhados verdes em edifícios institucionais, shoppings, residências unifamiliares e complexos de apartamentos. Igualmente provocou uma economia anual de energia de mais de 1,5 milhão de kWh. Posteriormente, Buenos Aires, Chicago e Nova York também abraçaram a ideia adotando medidas semelhantes. As plantas na cobertura dos prédios, ajudam reduzindo em até 50% o gás carbônico lançado à atmosfera, além de diminuir os barulhos externos.
Por outra parte, os benefícios ambientais que os jardins nas coberturas das edificações trazem, não são os únicos benefícios. Foi constatado que as plantas mantém a casa mais fresca nos meses quentes, é o “Efeito Toldo” que isola o frio no inverno, permitindo uma economia da energia, essas medidas resultam em uma moderação de gastos na ordem de até 30% no custo da climatização dos prédios.
Temos bons exemplos aqui, no nosso país. Idealizado pelo paisagista Marcelus Oliveira, o telhado verde do hospital Orizonti, em Belo Horizonte-MG, tem 6.942 m² de cobertura vegetal com capacidade para captar 370 mil litros de água da chuva por metro quadrado. No projeto, Marcelus escolheu a grama amendoim, nativa do Brasil e adaptada ao telhado verde. Mais tarde, o empreendimento adicionou espécies nativas da Serra do Curral. Também Marcelus Oliveira, projetou o telhado do Hospital da Restinga, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com 5.963 m² e uma boa variedade de plantas, destacando-se o sedum, bulbine, calanchoe, boldo, tradescancia, portulacas, grama amendoim, aptênia, lamprantus, além de temperos diversos.
É muito importante que os paisagistas brasileiros adotem a ideia, praticando jardins que proporcionem bem-estar e não apenas um deleite visual.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.