Entero… o quê?
Voluntariando num viveiro de plantas nativas da região do Río de la Plata, me disseram que se eu conseguisse memorizar o nome dessa árvore nativa, supostamente o mais difícil dos nomes científicos cultivados lá, teria passado o ‘teste de aptidão’.
Passei: Enterolobium contortisiliquum!
Uma belíssima árvore de crescimento rápido e sombra fresca e rendada.
Aqui essa ela é conhecida popularmente como Timbó e Orelha de Negro, nomes que compartilha com o Brasil. Habita desde o Pará, o Maranhão e o Piauí até o Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, em florestas pluviais.
De madeira leve e rápido crescimento, era utilizada pelos povos nativos para construção de canoas. Seu fruto possui saponina, uma substancia que protege as sementes para que demorem em germinar, possibilitando que flutuem nas águas dos rios por muito tempo, viajando muitas centenas de quilômetros para povoar outras margens.
Talvez tenha sido assim que chegou a Buenos Aires. Talvez já estivesse aqui desde sempre?
O que vale é que está aqui e está aí também. E que, se o espaço permitir, é uma bela opção para uso no paisagismo.
Tudo nessa árvore me parece bonito: suas folhas compostas são muito leves e a sombra que brinca no chão ao balanço do vento me parece muito tranquilizadora, um convite a dormir a sesta, sem dúvida. No inverno, perde as folhas e permite que o sol nos esquente.
Seu tronco às vezes meio verdoso, outras mais marrom claro tem um desenho interessante e pode se bifurcar bastante embaixo quando não há podas de formação e quando cresce livremente, sem competir pela luz com outras árvores. Isso faz do Timbó uma árvore ideal para subir, escolher um galho confortável e ler um livro. Esse mesmo tronco, num exemplar mais maduro, torna-se mais seco e rugoso, muito parecido ao de uma tipuana.
Um exemplar muito velho que só reconheci porque ainda levava frutos decorando seus galhos.
Os frutos são, como diz o nome, orelhas. De negro, de macaco. Muito divertidos e amplamente utilizados por artesãos, apesar de sua curta durabilidade. Interessante observar suas flores e tentar entender como delas se formam tais frutos contorcionistas…
A saponina dos frutos pode ser usada como sabão natural. Se colocar as sementes num frasco com água e agitar, fará até bolinhas.
A saponina dos frutos pode ser usada como sabão natural. Se colocar as sementes num frasco com água e agitar, fará até bolinhas.
Para ter em conta:
- Existem outros Enterolobium, como por exemplo, o E. schomburkii e o E. timbouva, ambos nativos do Brasil e com características muito similares ao E. contortisiliquum
- É da família das leguminosas momoisaceas (Leguminosae-Mimosaceae)
- Altura de 20-35m
- Rápido crescimento: em terra pode atingir 4m de altura aos dois anos de vida
- Gosta de solos úmidos
- Escarificar as sementes antes da semeadura para aumentar a taxa de germinação
Argentino-brasileira, nasceu em Buenos Aires e logo morou 30 anos em São Paulo, antes de retornar à sua cidade natal onde continuou adquirindo experiência no desenho e execução de jardins. Gosta muito de usar as plantas nativas da região em seus trabalhos e colabora com uma Ong que as cultiva. Está tão fascinada pela terra que também a usa para modelar peças de cerâmica, geralmente pensando em seu uso no jardim.
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4 Comments
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Muy buen artículo!
Felicitaciones a Elena Soboleff, a JardimCor y a Raul Cânovas!
Les gustan las leyendas? A mi sí! Les comparto, agradecido por ésta publicación, ★ La Leyenda del “Timbó”… ●
…o “Cambá-Nambï” (Enterolobium contortisiliquum)
Quienes visiten Misiones, Argentina- verán un árbol autóctono de majestuoso porte: El “Timbó”, “Cambá Nambí” u “Oreja de Negro” (Enterolobium contortisiliquum). Cuenta la leyenda que un famoso cacique guaraní llamado Saguaá adoraba a su hija Tacuareé a quien le dispensaba toda clase de atenciones y cuidados.
Pero un día, ella le cuenta a su padre que esta perdidamente enamorada del cacique de una tribu lejana que periódicamente frecuentaba la zona cazando y recolectando frutos y que está decidida a abandonar todo para seguir a su amado a tierras lejanas.
El padre se niega rotundamente a esta decisión, por lo que Tacuareé decide escaparse al caer la noche.
Enterado de su huida, Saguaá desesperado sale a buscarla esa misma noche, afrontando toda clase de peligros y en su desesperación, intentando escuchar los pasos de Tacuareé en la selva, apoya frecuentemente el oído sobre la tierra, permaneciendo así escuchando largo rato sin llegar a ubicar el sonido de los pasos alejados.
Ya al límite de sus fuerzas, cae rendido por el hambre y la fiebre, muriendo con el oído pegado a la tierra en su vano intento de escuchar los pasos de su hija.
Cuando tiempo después los hombres de su tribu lo encuentran, descubren que su oreja está unida a la tierra, por lo que deben cortarla para rescatar el cuerpo.
La oreja había echado raíces, dando origen al árbol del timbó, o “cambá nambí”, un árbol hermoso que daba sombra fresca, madera para fabricar canoas y muchos frutos con la forma de la oreja de Saguaá.
Este árbol alcanza los 30mts de altura y un diámetro de 2mts en el fuste, aunque se han registrado ejemplares de más del triple de este diámetro. Florece a mediados de primavera y su fruto es una legumbre subleñosa, de superficie lisa y de color pardo oscuro cuando madura; de forma circular incompleta, a su aspecto debe el nombre de “oreja de negro”, y muy apetecida como dieta de los venados, por lo que al pie de los timbós, en medio de la selva {técnicamente Bosque Atlántico) también pueden observarse a tigres merodeando en busca de venados, o ver sus pisadas…: Ésto último lo he verificado personalmente durante trabajos que he realizado en el Área de Conservación “Los Palmitos”, al N de la Pcia. de Misiones.
Un atento saludo a todos los lectores de JardimCor!!
Gracias Francisco, siempre gentil con tus colocaciones.
Me encantaría recibir crónicas como esta para publicarlas en el blog.
Seguramente también Elena te va agradecer por adicionar esta linda leyenda.
Un abrazo de tu amigo
…Pero encantado de hacerlo estimado Raul!! siempre que pueda respecto de nuestro mayor tesoro: El Tiempo.
Vos, Amigo, sos nuestro Maestro, y lo digo sin ninguna exageración: desde que iniciamos esta amistad hemos estado enriqueciéndonos permanentemente de todas tus publicaciones y comentarios.. Nosotros admiramos tus conocimientos, tu visión, y otros tantos valores no solo desde el punto de vista profesional sino humanamente, entre otros tu humildad!
Así que, una vez más en agradecimiento, te estaré enviando cuanto considere pueda resultarte interesante a tí y tus lectores en en este blog estupendo, de los mejores que seguimos sobre paisajismo y naturaleza, que es JardimCor.
Un Abrazo, y mis augurios que sigamos viendo cada vez más y mejores publicaciones de todo este equipo brillante de columnistas aquí!
Hola Francisco, encantada en conocerte. Gracias por compartir la leyenda. Me encantó.
Elena