Parque Mulheres Argentinas
Localizado no bairro Puerto Madero, o Parque Mulheres Argentinas não quis escolher e resolveu homenagear a todas as mulheres do país.
O projeto ganhou o Primeiro Prêmio de Arquitetura Paisagística da Bienal de Arquitetura de Quito em 2008. Conceitualmente consideram o parque um ambiente artificial construído pelo homem em uma cidade também artificial construída pelo homem. Uma transformação produzida pelo homem sobre a geografia, tratando de resolver a problemática do espaço público no bairro sem ignorar a relação desse trecho do rio com a parte central da cidade.
Nesse contexto, o Parque Mulheres Argentinas junto ao Parque Micaela Bastidas formam uma unidade de projeto, tratando a recuperação da parte histórica e a relação entre a paisagem da reserva ecológica com a área construída de uma mesma maneira: também esse parque valoriza os desníveis que recriam a “barranca” valendo-se da construção de muros de contenção perimetrais.
É o parque central da cidade junto ao rio, a ponta de seu eixo funcional: Congresso da Nação -> Av. de Mayo -> Plaza de Mayo -> Casa Rosada -> Ponte a Mulher Argentina -> Parque Mulheres Argentinas. Para os autores do projeto, um lugar com caráter altamente simbólico. E, portanto, o lugar ideal para eventos públicos massivos, endereço para ações culturais com escala metropolitana, um grande teatro a céu aberto. Uma nova grande construção.
Quando chegamos ao parque pela “porta da frente”, a entrada do eixo central sobre a Av. Juana Manso logo depois de contornar os silos, vemos dois jardins destinados a cactos e suculentas. Estão num nível abaixo da calçada, permitindo observá-los de cima. Abrem o caminho à grande praça central em forma de moderno anfiteatro. As arquibancadas de concreto aqui são interpretadas por suaves degraus gramados.
Podemos recorrer o parque como der vontade: subindo e descendo pelas rampas laterais que dão acesso a um caminho perimetral, acabamento do anfiteatro. Ou passeando pelo gramado. Ou ainda utilizando o eixo central com suaves escadarias e um caminho cheio de pontas que atravessa o lado direito do gramado.
As árvores foram plantadas quase exclusivamente no perímetro, para não tampar a visão dos espectadores. Esse caminho instalado sobre os muros de pedra esconde áreas de serviços e estacionamento para veículos municipais, inclusive caminhões. Tudo feito de forma discreta, sem interferir com o conjunto.
Além da praça central ou anfiteatro, do outro lado do muro perimetral, há diversos espaços de estar. Praças secas, gramados com enormes pedaços de granito, banco sombreados e muitas calçadas e caminhos de cimento, um convite a patinadores e skatistas, que invadem o parque durante a semana, depois das 19h e nos fins de semana. O convívio com famílias com carrinhos de bebê, crianças e adultos é bom, o espaço é suficientemente amplo e variado para acomodar a todos.
Sugestão: se o dia da visita estiver bonito e convidativo, que tal trocar os restaurantes de Puerto Madero por um piquenique no parque? Se não quiser carregar o almoço, pode comprar um delicioso choripan (pão com linguiça) nos carrinhos da Costanera.
Argentino-brasileira, nasceu em Buenos Aires e logo morou 30 anos em São Paulo, antes de retornar à sua cidade natal onde continuou adquirindo experiência no desenho e execução de jardins. Gosta muito de usar as plantas nativas da região em seus trabalhos e colabora com uma Ong que as cultiva. Está tão fascinada pela terra que também a usa para modelar peças de cerâmica, geralmente pensando em seu uso no jardim.