Reflexões
Felicidade e prazer
A felicidade pode ser permanente se soubermos cultivá-la com atenção e zelo. O prazer, entretanto, é fugaz e passageiro resumindo-se em um contentamento que, talvez, não deixe um sentimento de ânimo duradouro.
Ele não necessariamente traz felicidade, embora a felicidade possa ser alimentada de pequenos prazeres, de regozijos e de carícias.
A verdadeira felicidade está guardada dentro de nós e às vezes dorme na bem-aventurança espiritual do nosso próprio Ser. Imprudentes, buscamos prazeres imediatos nos objetos e frivolidades materiais, descontrolando nossas emoções e tornando-nos, curiosamente, infelizes.
Não seria mais proveitoso alegrarmos nossa alma com algo tão sutil quanto ela mesma supomos que seja? A eternidade do espírito é aliada da imortal felicidade, deixando para trás os apetites físicos do corpo transitório.
Amor e paixão
As duas palavras podem ser consideradas sinônimos. É correta esta afirmação? Embora haja uma analogia, uma semelhança entre elas, o conceito emocional é muito diferente. O amor é uma doação recheada de ternura, temperado com dedicação generosa e por vezes até de sacrifícios. O amor é, como o deus Eros que o simboliza, belo e incompreensível aos olhos dos espíritos encarnados, nasce e cresce de forma aveludada, acariciando nossas vidas. Perdura, apesar dos pesares.
Já a paixão é um sentimento carregado de entusiasmo e de desejo que nos excita exacerbadamente, podendo propiciar alegrias ou angústias, dependendo das nossas fantasias irracionais que nos distanciam do nosso “Eu verdadeiro”. Ela é imatura e passageira como a chama que brilha em uma vela.
É importante diferenciar a tragédia shakespeariana retratada em “Romeu e Julieta” onde a paixão dos protagonistas termina em morte e suicídio, com o amor de Ulisses e Penélope, que Homero relata na Odisséia, mostrando uma mulher que espera, fielmente durante vinte anos, retornar da Guerra de Tróia, o marido herói.
O amor pode ser alimentado com momentos de paixão, mas esta não sobrevive sem um amor verdadeiro.
Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos.